O gol decisivo de Vini Jr. não esconde a realidade: Dorival parece ter atingido seu limite como técnico da Seleção.

Mesmo com a vitória, o jogo contra a Colômbia evidenciou mais uma vez a crise coletiva que assola a seleção brasileira.

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Eu sou daqueles que acredita, sim, em um déficit geracional na seleção brasileira, mas sempre levando em conta os altos padrões que o próprio futebol brasileiro estabeleceu. Ontem à tarde, o programa Seleção, do SporTV, comparou uma possível escalação do Brasil com as de outras potências do futebol mundial, como Espanha, Alemanha, França e Inglaterra. A conclusão, com a qual concordo, é que, individualmente, o Brasil não fica atrás de quase nenhuma dessas seleções. No entanto, quando o assunto é o aspecto coletivo, a seleção brasileira atualmente não está nem mesmo entre as principais forças do futebol mundial.

O jogo contra a Colômbia foi mais uma demonstração clara dos problemas que a Seleção Brasileira vem enfrentando nas Eliminatórias. O time teve apenas dois momentos de maior domínio: no início da partida, quando pressionou a Colômbia com um começo convincente, tendo Raphinha como destaque, e no final, quando buscou desesperadamente a vitória, que veio com o gol de Vinicius Jr. No entanto, mesmo com o gol decisivo, a atuação de Vinicius ficou abaixo do seu potencial, reforçando as dificuldades coletivas que persistem na equipe.

Esses momentos da partida destacam justamente a qualidade individual que o Brasil possui — poucas seleções no mundo podem contar com um ataque formado por nomes como Raphinha, Rodrygo e Vinicius Jr.

No entanto, o grande intervalo entre esses dois períodos, no início e no final do jogo, mais uma vez evidenciou a dificuldade em identificar qualquer impacto positivo do trabalho de Dorival Jr. no desempenho coletivo da equipe.

Falta fluidez na organização ofensiva da Seleção Brasileira. No aspecto defensivo, o time também demonstrou fragilidades, como ficou evidente no desconforto durante o gol de empate da Colômbia, marcado por Luis Díaz com participação decisiva de Jhon Arias.

A pontuação do Brasil nas Eliminatórias é suficiente e até confortável, mas isso se deve principalmente ao novo formato, que facilita a classificação de quase todos. No entanto, o desempenho da equipe há tempos é preocupante. Com 15 jogos no comando, Dorival Jr. parece ter atingido seu limite de forma precoce na Seleção Brasileira. Atualmente, não há indícios que permitam acreditar em uma evolução capaz de colocar o time como candidato real ao título na Copa do Mundo. Coletivamente, o Brasil hoje parece mais propenso a ser eliminado nas oitavas de final do que a brigar pelo troféu.

No plano simbólico, muitos, nos momentos finais do jogo, devem ter lembrado da estreia de Emerson Leão em 2000, quando a Seleção foi vaiada no Morumbi contra a mesma Colômbia, até que Roque Júnior marcou um gol que trouxe algum alívio. Meses depois, Leão seria demitido, e em 2002, sob o comando de Felipão, o Brasil conquistaria o pentacampeonato mundial. Na época, também pareceria uma loucura afirmar que a Seleção venceria a Copa. O futebol brasileiro nunca chegou a morrer de fato — talvez porque sua melhor estratégia seja justamente se fazer de morto.

Quando Dorival foi anunciado, ele realmente parecia uma das melhores opções disponíveis. Muito se comentou, ao longo de sua carreira, que ele era especialista apenas no “arroz com feijão” do futebol, mas suas passagens recentes e bem-sucedidas por Flamengo e São Paulo sugeriam que ele poderia trazer algo a mais, como uma “costelinha defumada” para dar um sabor extra ao prato. No entanto, essa abordagem básica mostrou-se insuficiente no comando da Seleção Brasileira, onde as expectativas são gigantescas e o calendário é peculiar e exigente. Agora, parece que chegamos a um momento decisivo: com Dorival Jr., o ciclo que culminaria na Copa do Mundo está seriamente comprometido.

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